Ramilonga -A Estética do Frio-, é um exercício estético rigoroso a partir d… Read Full Bio ↴Ramilonga -A Estética do Frio-, é um exercício estético rigoroso a partir de uma visão totalmente pessoal e nada mitificadora da milonga em um disco com repertório e concepção absolutamente inéditos.
É "música regional transformada em música do mundo", como afirma Vitor Ramil. Em Ramilonga ouve-se muito mais do que sempre se ouviu em milongas. Grande parte de sua magia está , por exemplo, em instrumentos indianos que não indianizam a milonga, mas são amilongados por ela, soando tão naturais quanto o violão, instrumento que a acompanha desde sua origem. Tudo soa muito expressivo, já que os arranjos contam unicamente com instrumentos "digitais" (o músico tão próximo da produção e do controle do som que só a ação direta e constante de seus dedos pode transformar madeira, corda, pele e ar em música). É tarefa para grandes músicos. E que músicos tocam em Ramilonga!
Impulso rítmico e impulso poético determinam a feição final de cada uma das onze ramilongas, que ao ouvinte são apresentadas num encadeamento perfeito, com melodias e harmonias que explodem em estado de graça. Mas e com que voz são cantadas essas melodias cheias do "tempero cromático" característico de Vitor Ramil? O próprio Vitor comenta: "Como ficam mais expressivas cantadas com delicadeza, sugerindo intimidade com o ouvinte, nada de canto forte e impessoal!" Pois assim mesmo, confessional, íntima, sem seriedade excessiva nem sorrisos artificiais, às vezes verdadeiramente épica, dona de um vibrato emocionado, a voz milongueira de Vitor Ramil é autêntica, sincera como a dos trovadores mais nobres que o Rio Grande do Sul já teve e tem. Luís Augusto Fischer comenta: "Que o título do disco saia de dentro do sobrenome do Vitor, parecendo um o desdobramento óbvio do outro, é natural, ou fica natural tão logo a gente ouça o conjunto, tão concatenados e em diálogo profundo estão os dois. Não, não foi o Vitor que inventou a milonga, mas seria correto dizer que foi o contrário".
A verdade da voz de Vitor é portadora da verdade de sua poesia e de suas idéias, como fica evidente em Milonga de Sete Cidades -A Estética do Frio-, cuja letra fala de sua própria concepção, e é portadora da verdade das vozes dos geniais poetas, já falecidos, João da Cunha Vargas (sua voz está de fato no disco, como encerramento, num registro/homenagem emocionante) e Juca Ruivo.
A verdade da "voz" de Ramilonga, espontânea e profunda, de dicção tão real em sua mistura natural do coloquial com o arcaico, da fala do interior com a da capital, e tão representativa da voz do gaúcho contemporâneo, é portadora acima de tudo não da verdade poderosa de Jorge Luis Borges (que absorve a todos os que se aventuram nesta vasta "planície"), mas da verdade igualmente poderosa, ainda que menos conhecida e festejada, de João Simões Lopes Neto. E a afirmação dessa verdade é fundamental para quem vive no Sul do Brasil!
Ramilonga mostra um caminho claro por onde pode ir a milonga em busca da modernidade. Aqui, esta busca materializa-se não no vestir a canção com excessos de vitrine, mas sim no descarnamento que apela para os gestos musicais mais impensáveis, na depuração que procura a essência da canção e acaba redesenhando um passado de heranças musicais e estabelecendo uma nova verdade sonora.
texto de Celso Loureiro Chaves
É "música regional transformada em música do mundo", como afirma Vitor Ramil. Em Ramilonga ouve-se muito mais do que sempre se ouviu em milongas. Grande parte de sua magia está , por exemplo, em instrumentos indianos que não indianizam a milonga, mas são amilongados por ela, soando tão naturais quanto o violão, instrumento que a acompanha desde sua origem. Tudo soa muito expressivo, já que os arranjos contam unicamente com instrumentos "digitais" (o músico tão próximo da produção e do controle do som que só a ação direta e constante de seus dedos pode transformar madeira, corda, pele e ar em música). É tarefa para grandes músicos. E que músicos tocam em Ramilonga!
Impulso rítmico e impulso poético determinam a feição final de cada uma das onze ramilongas, que ao ouvinte são apresentadas num encadeamento perfeito, com melodias e harmonias que explodem em estado de graça. Mas e com que voz são cantadas essas melodias cheias do "tempero cromático" característico de Vitor Ramil? O próprio Vitor comenta: "Como ficam mais expressivas cantadas com delicadeza, sugerindo intimidade com o ouvinte, nada de canto forte e impessoal!" Pois assim mesmo, confessional, íntima, sem seriedade excessiva nem sorrisos artificiais, às vezes verdadeiramente épica, dona de um vibrato emocionado, a voz milongueira de Vitor Ramil é autêntica, sincera como a dos trovadores mais nobres que o Rio Grande do Sul já teve e tem. Luís Augusto Fischer comenta: "Que o título do disco saia de dentro do sobrenome do Vitor, parecendo um o desdobramento óbvio do outro, é natural, ou fica natural tão logo a gente ouça o conjunto, tão concatenados e em diálogo profundo estão os dois. Não, não foi o Vitor que inventou a milonga, mas seria correto dizer que foi o contrário".
A verdade da voz de Vitor é portadora da verdade de sua poesia e de suas idéias, como fica evidente em Milonga de Sete Cidades -A Estética do Frio-, cuja letra fala de sua própria concepção, e é portadora da verdade das vozes dos geniais poetas, já falecidos, João da Cunha Vargas (sua voz está de fato no disco, como encerramento, num registro/homenagem emocionante) e Juca Ruivo.
A verdade da "voz" de Ramilonga, espontânea e profunda, de dicção tão real em sua mistura natural do coloquial com o arcaico, da fala do interior com a da capital, e tão representativa da voz do gaúcho contemporâneo, é portadora acima de tudo não da verdade poderosa de Jorge Luis Borges (que absorve a todos os que se aventuram nesta vasta "planície"), mas da verdade igualmente poderosa, ainda que menos conhecida e festejada, de João Simões Lopes Neto. E a afirmação dessa verdade é fundamental para quem vive no Sul do Brasil!
Ramilonga mostra um caminho claro por onde pode ir a milonga em busca da modernidade. Aqui, esta busca materializa-se não no vestir a canção com excessos de vitrine, mas sim no descarnamento que apela para os gestos musicais mais impensáveis, na depuração que procura a essência da canção e acaba redesenhando um passado de heranças musicais e estabelecendo uma nova verdade sonora.
texto de Celso Loureiro Chaves
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