The firstborn son of Sérgio Buarque de Hollanda, Buarque lived at several locations throughout his childhood, though mostly in Rio de Janeiro, São Paulo, and Rome. He wrote and studied literature as a child and found music through the bossa nova compositions of Tom Jobim and João Gilberto. He performed as a singer and guitarist in the 1960s as well as writing a play that was deemed dangerous by the Brazilian military dictatorship of the time. Buarque, along with several Tropicalist and MPB musicians, was threatened by the Brazilian military government and eventually left Brazil for Italy in 1969. However, he came back to Brazil in 1970, and continued to record, perform, and write, though much of his material was suppressed by government censors. He released several more albums in the 1980s and published three novels in the 1990s and 2000s.
In 2019, Buarque was awarded the Camões Prize, the most important prize for literature in the Portuguese language.
Geni e o Zepelim
Chico Buarque Lyrics
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Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co'os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo Mudei de ideia
Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir
Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
The song "Geni e o Zepelim" by Chico Buarque is a powerful commentary on the relationship between power and oppression. The lyrics describe Geni, a woman who is sexually promiscuous and used by many in the community for their own pleasure, and who is constantly subjected to violence and abuse. The city sees her as a "whore," "maldita Geni," and believes she deserves to be punished.
The song takes a turn when a powerful outsider, the commander of a giant blimp, comes to the city and demands that Geni serve him sexually in exchange for sparing the city from destruction. The city begs Geni to comply with the commander's demands, seeing her as the only way to save themselves.
Throughout the song, Chico Buarque presents a scathing critique of the power dynamics that allow for the systemic oppression of marginalized groups. He underscores the ways in which those in power often use the most vulnerable members of society for their own benefit, while simultaneously condemning them for it. The song also speaks to the way in which oppressed groups may internalize their own oppression, as seen when Geni succumbs to the city's demands.
Line by Line Meaning
De tudo que é nego torto
Out of all the corrupt people around, from the slums and the harbor, Geni had already been a girlfriend to some.
Do mangue e do cais do porto
From the mangrove swamp and the docks.
Ela já foi namorada
She had many lovers.
O seu corpo é dos errantes
Her body belongs to the wanderers, the blind ones, and the refugees, who have nothing left.
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
It belongs to those who have nothing else.
Dá-se assim desde menina
She's been giving herself since she was young.
Na garagem, na cantina
In the garage, in the cafeteria.
Atrás do tanque, no mato
Behind the tank, in the bushes.
É a rainha dos detentos
She is the queen of the prisoners, of the crazy ones, and the outcasts.
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
Of the young men in boarding schools.
E também vai amiúde
She also goes often.
Co'os velhinhos sem saúde
With the elderly people without health.
E as viúvas sem porvir
And the widows without a future.
Ela é um poço de bondade
She is a wellspring of kindness.
E é por isso que a cidade
That's why the city
Vive sempre a repetir
keeps repeating
Joga pedra na Geni
Throw stones at Geni
Joga pedra na Geni
Throw stones at Geni
Ela é feita pra apanhar
She is made to be beaten.
Ela é boa de cuspir
She is good to spit on.
Ela dá pra qualquer um
She gives herself to anyone.
Maldita Geni
Cursed Geni
Um dia surgiu, brilhante
One day, a brightly shining airship appeared.
Entre as nuvens, flutuante
Floating among the clouds.
Um enorme zepelim
A huge zeppelin.
Pairou sobre os edifícios
Hovered over the buildings.
Abriu dois mil orifícios
Opened two thousand holes.
Com dois mil canhões assim
With two thousand cannons like that.
A cidade apavorada
The city was terrified.
Se quedou paralisada
Remained paralyzed.
Pronta pra virar geleia
Ready to turn into jelly.
Mas do zepelim gigante
But from the giant airship.
Desceu o seu comandante
Came down the commander.
Dizendo: 'Mudei de ideia'
Saying: 'I changed my mind.'
Quando vi nesta cidade
When I saw in this city
Tanto horror e iniquidade
So much horror and iniquity.
Resolvi tudo explodir
I resolved to blow everything up.
Mas posso evitar o drama
But I can avoid the drama.
Se aquela formosa dama
If that beautiful lady.
Esta noite me servir
Serves me tonight.
Essa dama era Geni
That lady was Geni.
Mas não pode ser Geni
But it couldn't be Geni.
Ela é feita pra apanhar
She is made to be beaten.
Ela é boa de cuspir
She is good to spit on.
Ela dá pra qualquer um
She gives herself to anyone.
Maldita Geni
Cursed Geni
Mas de fato, logo ela
But in fact, soon she
Tão coitada e tão singela
So poor and so simple
Cativara o forasteiro
Had captivated the stranger.
O guerreiro tão vistoso
The warrior so flashy
Tão temido e poderoso
So feared and powerful.
Era dela, prisioneiro
Was her prisoner.
Acontece que a donzela
It happened that the maiden
E isso era segredo dela
And that was her secret.
Também tinha seus caprichos
Also had her whims.
E a deitar com homem tão nobre
And to lie down with such a noble man
Tão cheirando a brilho e a cobre
So smelling of glitter and copper
Preferia amar com os bichos
Prefered to love the animals.
Ao ouvir tal heresia
On hearing such a heresy,
A cidade em romaria
The city in pilgrimage.
Foi beijar a sua mão
Went to kiss her hand.
O prefeito de joelhos
The mayor on his knees.
O bispo de olhos vermelhos
The bishop with red eyes.
E o banqueiro com um milhão
And the banker with a million.
Vai com ele, vai Geni
Go with him, go Geni.
Vai com ele, vai Geni
Go with him, go Geni.
Você pode nos salvar
You can save us.
Você vai nos redimir
You will redeem us.
Você dá pra qualquer um
You give yourself to anyone.
Bendita Geni
Blessed Geni
Foram tantos os pedidos
There were so many requests.
Tão sinceros, tão sentidos
So sincere, so heartfelt.
Que ela dominou seu asco
That she overcame her disgust.
Nessa noite lancinante
On that excruciating night.
Entregou-se a tal amante
She surrendered to that lover.
Como quem dá-se ao carrasco
Like someone giving themselves to the executioner.
Ele fez tanta sujeira
He made such a mess.
Lambuzou-se a noite inteira
He smeared himself all night long.
Até ficar saciado
Until he was satisfied.
E nem bem amanhecia
And as soon as it was getting light,
Partiu numa nuvem fria
He left on a cold cloud.
Com seu zepelim prateado
With his silver zeppelin.
Num suspiro aliviado
In a relieved sigh.
Ela se virou de lado
She turned to the side.
E tentou até sorrir
And even tried to smile.
Mas logo raiou o dia
But soon the day broke.
E a cidade em cantoria
And the city singing.
Não deixou ela dormir
Didn't let her sleep.
Joga pedra na Geni
Throw stones at Geni.
Joga bosta na Geni
Throw feces at Geni.
Ela é feita pra apanhar
She is made to be beaten.
Ela é boa de cuspir
She is good to spit on.
Ela dá pra qualquer um
She gives herself to anyone.
Maldita Geni
Cursed Geni
Lyrics © O/B/O APRA AMCOS
Written by: Francisco Buarque De Hollanda
Lyrics Licensed & Provided by LyricFind
André Fonck
"De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nadaDá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internatoE também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetirJoga pedra na Geni!
Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assimA cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo: "Mudei de ideia!""Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir
Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir"Essa dama era Geni!
Mas não pode ser Geni!
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni!Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiroAcontece que a donzela
(E isso era segredo dela)
Também tinha seus caprichos
E ao deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichosAo ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhãoVai com ele, vai, Geni!
Vai com ele, vai, Geni!
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni!Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrascoEle fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateadoNum suspiro aliviado
Ela se deitou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormirJoga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!"
A
De tudo que é nego torto
Do mangue, do cais, do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo: Mudei de idéia
Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir
Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Mas de fato, logo ela
Tão coitada, tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela prisioneiro
Acontece que a donzela
E isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
zer0s0und
O cara faz uma música, com harmonia adequada à letra, ritmo, rima, poesia, e ainda faz você ver uma história com começo, meio e fim, como se estivesse lendo ou vendo um filme. E ainda é uma crítica social fantástica, sobre julgamento e hipocrisia. O Chico não existe. Ou ele deve ter nascido há 10 mil anos. Tomara que viva mais 10 mil.
Luiz Andre
Enquanto houver pessoas que não conseguem se conformar com os injustos, Chico viverá.
Brandespada
Essa história não é do Chico Buarque, é um plágio que ele fez de um conto de Guy de Maupassant
Felipe Augusto
@Brandespada Uma inspiração*, cuidado com a desinformação. De fato as histórias são parecidas, mas a palavra "plágio" certamente não é a adequada nesse caso.
Brandespada
@Felipe Augusto Cuidado com a desinformação. Reafirmo a palavra "plágio", sei bem o sentido, e antes de opinar, vai ler o conto original
Yuri Medeiros
Essa musica merece um filme,mostrando o quanto a sociedade julga e é ingrata.
Akhenaton
Pensei exatamente nisto.
vinicius santos
@suane carvalho bem isso.
Jo Muzy
Assistimos a peça, belíssima.
steph
poderia ser citada tambem nas provas no enem, como interpretação.