“(…)Brasileirinho é um trabalho que transcende as estéticas literária e mus… Read Full Bio ↴“(…)Brasileirinho é um trabalho que transcende as estéticas literária e musical. Seu teor discursivo dialoga diretamente com a construção identitária brasileira, em um exercício antropológico, cujo valor artístico e histórico poderá ser observado por muitos anos além, na intenção de se compreender particularidades da nossa história e contemporaneidade formativa. Trata-se de um estudo sociocultural de um povo inteiro, vasto, múltiplo, heterogêneo. Já apresentado por Oswald e Mário de Andrade, na Literatura, Tarsila do Amaral e Anita Malfati, na pintura, além de estudiosos como Darcy Ribeiro, Gilberto Freyre e Betinho; cantado por Luiz Gonzaga, Vila Lobos, Vinícius de Moraes e Caetano Veloso, entre tantos outros. Todos, de alguma forma presentes nas faixas do disco, que apresenta o povo brasileiro, de seus diferentes rincões, como protagonista dessa saga.
O disco lança um olhar inclusivo sobre as raças/os povos/as culturas que foram/são importantes na formação do Brasil, mas que, atualmente, ainda são marginalizados, a exemplo dos negros, indígenas e nordestinos. Essa preocupação em estabelecer um processo valorativo das identidades fortalece a relação de alteridade entre indivíduos e, na evidência de suas participações no processo formativo do Brasil, reafirma o caráter de responsabilidade ética e moral com a cultura mestiça, híbrida, fronteiriça.
Defendemos que, além de música e literatura, a obra também nos fornece um material visual importante para a análise da multiculturalidade brasileira. São imagens que representam as divindades das três grandes matrizes religiosas brasileiras: Iemanjá, para os iniciados do Candomblé e Umbanda; Santo Antônio, São Jorge e São João, para os praticantes do catolicismo; e as cachoeiras, onde os indígenas estabelecem contatos com os seus “encantados”. O livreto é iniciado pela imagem de raízes e, logo após, aparecem as folhas, dando indício de começo e fim. Dentro do livreto, uma imagem desfocada lembra a bandeira brasileira e, na capa, a emblemática figura da guerreira indígena, ao lado de uma domesticada onça, maior felino das Américas, como guardiã das florestas tropicais, com seu arco e flecha. Na contracapa, a imagem de Bethânia em preto e branco, contrastando com o colorido da capa, parece refletir sobre sua ancestralidade indígena. Um brinco de ouro em formato de folha e os colares de contas são as armas que Maria Bethânia leva para informar o seu poder de guardiã, ou pelo menos de devota, da cultura popular que a obra Brasileirinho representa para o país no despertar do século XXI.
Enfim, Melodia Sentimental fecha o disco, dando cabo das duas intenções da intérprete, ao ressaltar que sua pesquisa musical (melodia) tem um caráter emotivo, subjetivo, sentimental. E, a outra informação tem conotação absolutamente estética em relação ao alinhavado percorrido pelo disco, desde a primeira faixa, exaltando a cultura popular, até a última música, considerada erudita entre os compositores do repertório de Bethânia, permeado com os versos pueris sobre o luar. Assim é Maria Bethânia: popular e erudita em toda a sua obra, por isso, natural e clássica. Assim é Brasileirinho, uma obra artística representativa de elementos fundantes para a compreensão da multiplicidade brasileira: um clássico que deve ser visto/ouvido como referência para o estudo da música brasileira. (…)
Excerpt from research paper / Extraído da pesquisa:
“18 anos de Brasileirinho, de Maria Bethânia: uma pesquisa sobre identidades brasileiras” - 2021
(18 years of Brasileirinho, by Maria Bethânia: a research about the brazilian identities - 2021)
By: Roberto Remígio Florêncio & João de Sá Araújo Trapiá Filho - UFRGS
Source: https://seer.ufrgs.br/index.php/NauLiteraria/article/download/111362/65521/498302
Resumo
“Com o objetivo de analisar aspectos da diversidade cultural brasileira presentes na obra Brasileirinho (2003), da cantora Maria Bethânia, apresentamos uma pesquisa, em diversos segmentos das artes (música, literatura, pintura), na tentativa de pintar um quadro significativo sobre as identidades brasileiras em seus contextos geo-históricos e socioculturais. A escolha da obra se deu pela necessidade de apresentar um exemplar artístico atual sobre a temática e enfatizar elementos da brasilidade no âmbito dos estudos culturais contemporâneos, como o hibridismo, a decolonialidade e a interculturalidade. Utilizando a Revisão Bibliográfica, baseamos as análises em Canclini (2010), Hall (2015), Andrade (1928; 1933) e Veloso (2008; 2012). As conclusões desvendam a importância de estudos socioculturais na obra da cantora, ao valorizar, em sua trajetória artística, expressões marginalizadas, como as religiões de matriz africana, as divindades dos povos indígenas, o papel dos imigrantes e as artes afrobrasileiras na formação sociocultural do povo brasileiro.
Abstract
“In order to analyze aspects of the Brazilian cultural diversity present in the work Brasileirinho (2003), by singer Maria Bethânia, we present the research, in several segments of the arts (music, literature, painting), in an attempt to paint a significant picture about the identities in their geo-historical and socio-cultural contexts. The choice of the work was due to the need to present a current artistic example on the theme and to emphasize elements of Brazilianness in the context of contemporary cultural studies, such as hybridism, decoloniality and interculturality. Using the Bibliographic Review, we based the analysis on Canclini (2010), Hall (2015), Andrade (1928; 1933) and Veloso (2008; 2012). The conclusions reveal the importance of socio-cultural studies in the singer's work, by valuing, in her artistic trajectory, marginalized expressions, such as religions of African origin, the divinities of indigenous peoples, the role of immigrants and Afro-Brazilian arts in the socio-cultural formation of the people Brazilian.”
O disco lança um olhar inclusivo sobre as raças/os povos/as culturas que foram/são importantes na formação do Brasil, mas que, atualmente, ainda são marginalizados, a exemplo dos negros, indígenas e nordestinos. Essa preocupação em estabelecer um processo valorativo das identidades fortalece a relação de alteridade entre indivíduos e, na evidência de suas participações no processo formativo do Brasil, reafirma o caráter de responsabilidade ética e moral com a cultura mestiça, híbrida, fronteiriça.
Defendemos que, além de música e literatura, a obra também nos fornece um material visual importante para a análise da multiculturalidade brasileira. São imagens que representam as divindades das três grandes matrizes religiosas brasileiras: Iemanjá, para os iniciados do Candomblé e Umbanda; Santo Antônio, São Jorge e São João, para os praticantes do catolicismo; e as cachoeiras, onde os indígenas estabelecem contatos com os seus “encantados”. O livreto é iniciado pela imagem de raízes e, logo após, aparecem as folhas, dando indício de começo e fim. Dentro do livreto, uma imagem desfocada lembra a bandeira brasileira e, na capa, a emblemática figura da guerreira indígena, ao lado de uma domesticada onça, maior felino das Américas, como guardiã das florestas tropicais, com seu arco e flecha. Na contracapa, a imagem de Bethânia em preto e branco, contrastando com o colorido da capa, parece refletir sobre sua ancestralidade indígena. Um brinco de ouro em formato de folha e os colares de contas são as armas que Maria Bethânia leva para informar o seu poder de guardiã, ou pelo menos de devota, da cultura popular que a obra Brasileirinho representa para o país no despertar do século XXI.
Enfim, Melodia Sentimental fecha o disco, dando cabo das duas intenções da intérprete, ao ressaltar que sua pesquisa musical (melodia) tem um caráter emotivo, subjetivo, sentimental. E, a outra informação tem conotação absolutamente estética em relação ao alinhavado percorrido pelo disco, desde a primeira faixa, exaltando a cultura popular, até a última música, considerada erudita entre os compositores do repertório de Bethânia, permeado com os versos pueris sobre o luar. Assim é Maria Bethânia: popular e erudita em toda a sua obra, por isso, natural e clássica. Assim é Brasileirinho, uma obra artística representativa de elementos fundantes para a compreensão da multiplicidade brasileira: um clássico que deve ser visto/ouvido como referência para o estudo da música brasileira. (…)
Excerpt from research paper / Extraído da pesquisa:
“18 anos de Brasileirinho, de Maria Bethânia: uma pesquisa sobre identidades brasileiras” - 2021
(18 years of Brasileirinho, by Maria Bethânia: a research about the brazilian identities - 2021)
By: Roberto Remígio Florêncio & João de Sá Araújo Trapiá Filho - UFRGS
Source: https://seer.ufrgs.br/index.php/NauLiteraria/article/download/111362/65521/498302
Resumo
“Com o objetivo de analisar aspectos da diversidade cultural brasileira presentes na obra Brasileirinho (2003), da cantora Maria Bethânia, apresentamos uma pesquisa, em diversos segmentos das artes (música, literatura, pintura), na tentativa de pintar um quadro significativo sobre as identidades brasileiras em seus contextos geo-históricos e socioculturais. A escolha da obra se deu pela necessidade de apresentar um exemplar artístico atual sobre a temática e enfatizar elementos da brasilidade no âmbito dos estudos culturais contemporâneos, como o hibridismo, a decolonialidade e a interculturalidade. Utilizando a Revisão Bibliográfica, baseamos as análises em Canclini (2010), Hall (2015), Andrade (1928; 1933) e Veloso (2008; 2012). As conclusões desvendam a importância de estudos socioculturais na obra da cantora, ao valorizar, em sua trajetória artística, expressões marginalizadas, como as religiões de matriz africana, as divindades dos povos indígenas, o papel dos imigrantes e as artes afrobrasileiras na formação sociocultural do povo brasileiro.
Abstract
“In order to analyze aspects of the Brazilian cultural diversity present in the work Brasileirinho (2003), by singer Maria Bethânia, we present the research, in several segments of the arts (music, literature, painting), in an attempt to paint a significant picture about the identities in their geo-historical and socio-cultural contexts. The choice of the work was due to the need to present a current artistic example on the theme and to emphasize elements of Brazilianness in the context of contemporary cultural studies, such as hybridism, decoloniality and interculturality. Using the Bibliographic Review, we based the analysis on Canclini (2010), Hall (2015), Andrade (1928; 1933) and Veloso (2008; 2012). The conclusions reveal the importance of socio-cultural studies in the singer's work, by valuing, in her artistic trajectory, marginalized expressions, such as religions of African origin, the divinities of indigenous peoples, the role of immigrants and Afro-Brazilian arts in the socio-cultural formation of the people Brazilian.”
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